FORRÓ Patrimônio imaterial do Brasil

No final de 2010, a Associação Cultural Balaio Nordeste, com sede em João Pessoa-PB, começou uma importante mobilização com a nação forrozeira. No bojo desta mobilização, a primeira colaboração entre a Balaio Nordeste e o IPHAN ocorreu  na produção do vídeo Por amor ao Forró, sobre o renomado sanfoneiro paraibano Pinto do Acordeon. Este vídeo foi fruto de parceria entre a TV-Cidade (João Pessoa) e a ACBN com apoio do IPHAN. 


Em abril de 2011, foi a vez do IPHAN de Pernambuco acolher uma reunião solicitada pela ACNB com os forrozeiros para discutir a inscrição do Forró como patrimônio imaterial. Pouco tempo depois, uma nova organização criada em João Pessoa, o Fórum Forró de Raiz (reunindo a Balaio Nordeste e diversos forrozeiros), encaminhou ao IPHAN PB, um pedido de Registro das “Matrizes Tradicionais do Forró”.


Um primeiro seminário sobre a patrimonialização do Forró foi organizado pelo Fórum Estadual de Forró de Raiz, no segundo semestre de 2011. A mobilização em torno do tema se espalha pelo país, com a criação de diversos fóruns estaduais. Mas foi necessário esperar quatro anos até que se realizasse um evento de dimensão nacional. Em setembro de 2015, finalmente, realiza-se em João Pessoa o “Encontro Nacional para Salvaguarda das Matrizes do Forró”, com participantes do Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. O Encontro adota o texto da “Carta de Diretrizes para a Instrução Técnica do Registro das Matrizes do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil”. 


Uma nova rodada de Fóruns Estaduais de Forró de Raiz é realizada, incluindo as principais metrópoles da região sudeste, como o Rio de Janeiro e São Paulo, e a própria capital do país. Mas é em 2018 que, graças à mobilização dos forrozeiros, inclusive com idas a Brasília e conversas no congresso e no (então) Ministério da Cultura, são obtidos os recursos necessários para a realização da Instrução Técnica da Solicitação de Registro.


No primeiro semestre de 2019, enquanto se desenrolavam os trâmites administrativos para assinatura do termo de colaboração entre a Associação Respeita Januário e o IPHAN, as duas instituições organizaram, com participação de vários Fóruns de Forró e da Balaio Nordeste, um Seminário Nacional sobre Forró como Patrimônio Cultural. O Seminário, que contou com ampla participação de forrozeiros, pesquisadores e interessados de diversos estados, das capitais e do interior, aconteceu no mês de maio no Cais do Sertão, Recife-PE.  Em julho de 2019 o termo de colaboração entre a ARJ e o IPHAN foi assinado, e a pesquisa para a Instrução Técnica se iniciou oficialmente.


Quando, no primeiro semestre de 2019, a Associação Respeita Januário submeteu ao IPHAN um Plano de Trabalho para realização da presente IT, ninguém imaginava que, menos de um ano depois, estaríamos começando uma crise sanitária de dimensões trágicas. O Plano de Trabalho proposto e adotado previa intenso trabalho de campo, sobretudo nos períodos de maio a julho de 2020 e 2021, na temporada de festejos juninos, sempre o ponto alto da atividade forrozeira. A eclosão da pandemia de Covid-19, e a necessidade de isolamento social, levou como sabemos à suspensão dos festejos juninos, e mais radicalmente, de qualquer encontro musical e dançante público, impossibilitando a realização de qualquer vertente presencial do Forró, e consequentemente, a pesquisa de campo sobre este tema.


Quando as dimensões da crise sanitária começaram a ficar evidentes, e os festejos de São João do ano de 2020 foram suspensos, a ARJ começou a redirecionar a pesquisa para outro modelo, centrado numa ampla gama de documentos, em bibliografia proveniente de diversas pesquisas prévias, e em “netnografia” (nome dado a “etnografias feitas na rede mundial de computadores”, baseadas em meios de comunicação via internet, alguns deles inventados ou aperfeiçoados exatamente para fazer face à imposição de isolamento social).


Após 10 anos de processo junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- IPHAN, às Matrizes Tradicionais do Forró ganharam registro por parte da entidade, historicamente no dia 9 de dezembro de 2021.